sábado, 9 de março de 2013

8 de Março: Mulheres denunciam remoções e violações de direitos pela Copa do Mundo




Cerca de 700 mulheres da Via Campesina, Levante Popular da Juventude, MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados) e moradoras da Avenida Tronco, na Zona Sul de Porto Alegre, realizaram um protesto, na manhã desta sexta-feira, no canteiro de obras da via. Elas saíram em marcha da Av. Divisa e caminharam pela Tronco até o canteiro de obras. Depois, seguiram ao CAR (Centro Administrativo Regional) da Cruzeiro, onde fica o escritório da prefeitura municipal para negociar o bônus moradia e encaminhar o atendimento das famílias que serão removidas para a duplicação.

Seleção de fotos feita pelo Quilombo do Sopapo



A duplicação da Avenida Tronco é considerada, pela prefeitura de Porto Alegre, uma das obras prioritárias para a Copa do Mundo de 2014 na cidade. A via alternativa liga diretamente outras regiões da Capital ao Estádio Beira-Rio, onde ocorrerão os jogos do evento - viabilizando a chegada dos torcedores ao local.


Mulheres da Avenida Tronco e do Morro Santa Teresa presentes na luta.
Crédito das fotos deste post: Leandro Anton/ Quilombo do Sopapo 



No entanto, as obras estão sendo um desastre para as 1.500 famílias da comunidade, em grande parte pobres, que serão removidas (boa parte delas ainda não sabe nem para onde vai) para que a duplicação seja efetivada. Elas denunciam violações de direitos humanos e sociais, com diversas consequências para a população, especialmente para as mulheres. São essas as mais afetadas pelas remoções, já que a maioria delas são as chefes de família, respondendo pela sobrevivência e pela educação de seus filhos.





Entrega da carta para Marcos Botelho, 
secretário adjunto do Departamento
Municipal de Habitação (Demhab)

No panfleto distribuído durante o protesto, as manifestantes salientam que "as remoções, de maneira geral, têm sido feitas de forma arbitrária, onde as únicas alternativas ofertadas pela prefeitura são o aluguel social e o bônus moradia". Também argumentam que a moradia adequada foi reconhecida como direito humano em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tornando-se um direito humano universal.

“Nós não somos contra o progresso. Nós somos contra a inversão da prioridade. Nós somos contra priorizar a avenidade do que as moradias. Nós somos contra não considerar a história das pessoas. Eu nasci e me criei na Tronco. Hoje, não tenho nenhuma condição real de ficar aqui, porque as moradias não estão sendo construídas, não tem previsão de serem entregues”, desabafa Bruna Rodrigues, moradora do local desde o nascimento, sobre a pressão que a Prefeitura coloca sobre a comunidade para que deixem suas casas, mesmo sem a garantia de novas moradias.

Cerca de 8 mil famílias porto-alegrenses, cerca de 36 mil pessoas, serão afetadas por caus
a das obras da Copa.

Mística de encerramento do protesto na Avenida Tronco

























Veja o vídeo do Coletivo Catarse é sobre a manifestação que as mulheres fizeram hoje:


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