terça-feira, 1 de março de 2011

Greve na construção da Arena do Grêmio expõe desrespeito aos trabalhadores

Além da violência institucional contra os moradores que devem ser removidos com as obras da Copa, a greve dos operários da construtora OAS aponta outro problema: a exploração dos trabalhadores pelas grandes empreiteiras.

Representantes da OAS e do sindicato dos trabalhadores da construção pesada do RS estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira (28) para definir os rumos da paralisação nas obras da arena do Grêmio, em Porto Alegre, mas não houive acordo.

Segundo o presidente do sindicato, Isabelino Garcia dos Santos, o que está emperrando as negociações é que se a OAS concordar em dar os 10% de aumento pedidos, todos os empregados da construção pesada terão o mesmo reajuste: "É um efeito cascata. Se sair o reajuste, os operários que estão trabalhando na construção da BR-448 (Rodovia do Parque, próximo à Arena) também serão beneficiados. Assim como todos que trabalham com a construção pesada", observou Isabelito Garcia.

Os cerca de 350 operários, a maioria da Bahia e de outros estados do Nordeste do País, reclamam dos baixos salários, da qualidade da alimentação oferecida, das más condições dos alojamentos e exigem assistência médica e o direito de visitar as famílias a cada três meses. Um operário ganha R$ 827 por mês para uma jornada das 8h às 18h. O salário de um auxiliar é de R$ 626. O baiano Rogério decidiu largar o serviço e voltar para São Paulo, onde mora. “O salário é muito pouco e não temos condições”, reclamou.

Alojamento dos operários da obra do estádio

Além do salário, os operários reclamam da má qualidade da alimentação, da falta de assistência médica no local da obra e das condições dos alojamentos espalhados pela cidade. Uma casa próxima do canteiro abrigaria pelo menos 40 trabalhadores, segundo eles próprios. A reportagem do iG esteve no local e constatou que a cozinha não é equipada, não há luz em alguns banheiros e o espaço é apertado. Na garagem da casa, há dez camas e apenas um ventilador, emprestado pelo proprietário de um bar ao lado. Os operários também querem poder visitar suas famílias a cada três meses. Hoje, a empresa garante passagem de avião e cinco dias úteis de descanso, mas a cada quatro meses.

Com informações e fotos do jornalista Daniel Cassol, do IG

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